UM CHAMADO ÀS LÁGRIMAS

“Agora, porém, declara o Senhor, voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto” (Joel 2.12).


Não existe avivamento sem quebrantamento e lágrimas.  O Apóstolo Paulo disse aos Coríntios que a “tristeza segundo Deus produz arrependimento” (II Coríntios 7.10). Sendo assim, devemos compreender que as lágrimas na vida de um verdadeiro discípulo de Jesus devem ser como uma oração líquida.

Infelizmente, no cristianismo moderno dá-se mais valor a transpiração do que a inspiração. Valoriza-se muito mais o agito da multidão do que o lugar reservado onde se pode ficar a sós com Deus.

Para onde foram as lágrimas de nossas assembleias?

Ao lermos a carta de Paulo aos Romanos, no capítulo 8, encontramos três tipos de gemidos:

  • Gemido da Criação“Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto” (v. 22).
  • Nosso gemido“E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo” (v. 23).
  • O Gemido do Espírito“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (v. 26).

Joel profetizou numa época de grande devastação. Uma enorme praga de gafanhotos havia despido a zona rural de toda a vegetação, destruiu até as pastagens tanto das ovelhas como do gado, até mesmo tirou a casca das árvores de figo. A fome e a seca se apoderaram de toda a terra. Tanto o povo como os animais estavam morrendo. Ela foi tão profunda e desastrosa, que Joel viu uma explicação: era o julgamento de Deus.

Dentro deste contexto a um chamado ao lamento. Quem são os chamados a chorar diante do Senhor?

“Acordem, bêbados, e chorem! Lamentem todos vocês, bebedores de vinho; gritem por causa do vinho novo, pois ele foi tirado dos seus lábios.” (Joel 1.5).

O primeiro grupo chamado às lágrimas são os ébrios. Eles representam aqueles que fazem do prazer um fim em si mesmo. Os cristãos modernos acabaram sendo seduzidos pelo espírito do hedonismo. Hedonismo é a filosofia do prazer. O tema central das pregações evangélicas nos dias de hoje são focadas na felicidade e no bem estar do homem. Não que desejar ser feliz seja pecaminoso, o problema está no egocentrismo. Embora não se use descaradamente o termo “hedonismo” nas igrejas, ele vem sutilmente embutido em termos mais familiares dos círculos evangélicos, como “benção”, “vitória” e “prosperidade”.

“Pranteiem como uma virgem em vestes de luto que lamenta pelo noivo da sua mocidade” (Joel 1

O segundo grupo chamado às lágrimas é o daqueles que perderam a afeição do primeiro amor. As palavras do Senhor através do Profeta Jeremias servem para nos alertar acerca da frieza da nossa afeição por Sua presença. “Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém estas palavras – oráculo do Senhor: Lembro-me de tua afeição quando eras jovem, de teu amor de noivado, no tempo em que me seguias ao deserto, à terra sem sementeiras” (Jeremias 2.2).

Na carta à Igreja de Éfeso escrita em Apocalipse 2.4, 5, encontramos algumas orientações para aqueles que perderam a afeição por Jesus:

•          O primeiro amor havia sido abandonado.

•          Havia uma queda que precisava ser recordada.

•          Uma atitude de arrependimento precisava ser tomada.

•          O retorno às primeiras obras precisava acontecer.

“Desesperem-se, agricultores, chorem, produtores de vinho; fiquem aflitos pelo trigo e pela cevada, porque a colheita foi destruída. A vinha está seca, e a figueira murchou; a romãzeira, a palmeira e a macieira, todas as árvores do campo secaram. Secou-se, mais ainda, a alegria dos homens” (Joel 1.11, 12).

O terceiro grupo chamado às lágrimas são aqueles que confiam na força do braço, visando apenas conquistar mais e mais no campo material. Em nossos dias as pessoas correm de um lado para o outro em busca de melhoria de vida, fazendo do “ter” a razão maior de suas vidas. Na profecia de Joel os homens não perderam somente as colheitas, mas também a alegria. “A riqueza dos ricos é a sua cidade fortificada, eles a imaginam como um muro que é impossível escalar. Antes da sua queda o coração do homem se envaidece, mas a humildade antecede a honra.” (Provérbios 18.11, 12).

“Ponham vestes de luto, ó sacerdotes, e pranteiem; chorem alto, vocês que ministram perante o altar. Venham, passem a noite vestidos de luto, vocês que ministram perante o meu Deus; pois as ofertas de cereal e as ofertas derramadas foram suprimidas do templo do seu Deus. Decretem um jejum santo; convoquem uma assembleia sagrada. Reúnam as autoridades e todos os habitantes do país no templo do Senhor, do seu Deus, e clamem ao Senhor” (Joel 1.13, 14).

O quarto grupo chamado às lágrimas são os que ministram diante do Senhor. Eles devem ter atitudes de quebrantamento, afim de que o povo possa voltar a Deus em quebrantamento. Essa atitude deve vir misturada com oração intercessória. “Que os sacerdotes, que ministram perante o Senhor, chorem entre o pórtico do templo e o altar, orando: Poupa o teu povo, Senhor. Não faças da tua herança motivo de zombaria e de piada entre as nações. Porque se haveria de dizer entre os povos: ‘Onde está o Deus deles?” (Joel 2.17).

Temos que pedir que o Senhor nos levante como Jeremias. “Ah, se a minha cabeça fosse uma fonte de água e os meus olhos um manancial de lágrimas! Eu choraria noite e dia pelos mortos do meu povo” (Jeremias 9.1). Jeremias ficou conhecido como o profeta das lágrimas e da solidão.

Fui tocado por uma expressão usada em Gálatas 4.6: “E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: Aba Pai”. O verbo usado para “clamar” é κράζω(krasó),que significa “um clamor emocional impetuoso”; “gritar em alta voz”. É o gemido do nosso interior, chamando a atenção do Pai.

Se estivermos buscando um avivamento, devemos então começar pelo arrependimento e o quebrantamento. Todo e qualquer mover que começa com euforia acaba em lágrimas. Agora o genuíno mover, embora começa com quebrantamento sempre resulta em regozijo e colheita.

Voltemos às lágrimas! Voltemos ao Senhor!

No Amor de Jesus,

Edu Lopes