UM TEMPLO OU UM TEATRO? (C. H. Spurgeon)

Os homens parecem nos dizer: “Não há qualquer utilidade em seguirmos o velho método, arrebatando um aqui e outro ali da grande multidão. Queremos um método mais eficaz. Esperar até que as pessoas sejam nascidas de novo e se tornem seguidores de Cristo é um processo demorado. Vamos abolir a separação que existe entre os regenerados e os não-regenerados. Venham à igreja, todos vocês, convertidos ou não-convertidos. Vocês têm bons desejos e boas resoluções: isto é suficiente; não se preocupem com mais nada. É verdade que vocês não crêem no evangelho, mas nós também não cremos nele. Se vocês crêem em alguma coisa, venham. Se vocês não crêem em nada, não se preocupem; a ‘dúvida sincera’ de vocês é muito melhor do que a fé”. Talvez o leitor diga: “Mas ninguém fala desta maneira”. É provável que eles não usem esta linguagem, porem este é o verdadeiro significado do cristianismo de nossos dias. Esta é a tendência de nossa época. Posso justificar a afirmação abrangente que acabei de fazer, utilizando a atitude de certos pastores que estão traindo astuciosamente nosso sagrado evangelho sob o pretexto de adaptá-lo a esta época progressista. O novo método consiste em incorporar o mundo à igreja e, deste modo, incluir grandes áreas em seus limites. Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus, em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus? Ai de mim! Os limites estão destruídos, e as paredes, arrasadas; e para muitas pessoas não existe igreja nenhuma, exceto aquela que é uma parte do mundo; e nenhum Deus, exceto aquela força desconhecida por meio da qual operam as forças da natureza. Não me demorarei mais falando a respeito desta proposta tão deplorável.

C. H. Spurgeon

O CANTO CONGREGACIONAL

cantando_na_igrejaO canto congregacional tem perdido o seu caráter didático na vida da igreja contemporânea. A poesia dos salmos tem sido sufocada por uma música pobre, que apela mais à transpiração do que desperta a inspiração. A música era usada no passado, tanto no tabernáculo de Davi, como templo de Salomão e também na Igreja primitiva, como uma ferramenta indispensável na proclamação das verdades das Escrituras. Os levitas no tabernáculo de Davi eram instruídos no canto do Senhor.

“Davi, juntamente com os chefes do serviço, separou para o ministério os filhos de Asafe, de Hemã e de Jedutum, para profetizarem com harpas, alaúdes e címbalos. O rol dos encarregados neste ministério foi: dos filhos de Asafe: Zacur, José, Netanias e Asarela, filhos de Asafe, sob a direção deste, que exercia o seu ministério debaixo das ordens do rei. Quanto à família de Jedutum, os filhos: Gedalias, Zeri, Jesaías, Hasabias e Matitias, seis, sob a direção de Jedutum, seu pai, que profetizava com harpas, em ações de graças e louvores ao SENHOR. Quanto à família de Hemã, os filhos: Buquias, Matanias, Uziel, Sebuel, Jerimote, Hananias, Hanani, Eliata, Gidalti, Romanti-Ézer, Josbecasa, Maloti, Hotir e Maaziote. Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei e cujo poder Deus exaltou segundo as suas promessas, dando-lhe catorze filhos e três filhas. Todos estes estavam sob a direção respectivamente de seus pais, para o canto da Casa do SENHOR, com címbalos, alaúdes e harpas, para o ministério da Casa de Deus, estando Asafe, Jedutum e Hemã debaixo das ordens do rei. O número deles, juntamente com seus irmãos instruídos no canto do SENHOR, todos eles mestres, era de duzentos e oitenta e oito” (I Crônicas 25.1-7).

Existem muitas pessoas talentosas, mas com pouca intimidade com as Escrituras. Todo ministro de louvor, precisa executar o seu ministério segundo o conselho do Senhor.

“Com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamento” (Salmos 119.7).

Lutero disse: “A música é a arte dos profetas, é a única arte, além da teologia, que tem poder de acalmar as agitações da alma e afugentar o demônio.”

Os Salmos didáticos ou “masquil” que é um dos termos técnicos do livro de salmos para designar uma composição poética para ensinar uma lição, falam sobre o caráter de homens bons e maus, sobre a sua felicidade e miséria, sobre a excelência da lei divina, sobre a vaidade da vida humana, sobre o dever dos que estão em lugares superiores, sobre a humildade; além dos Salmos de louvor e de adoração que reconhecem a bondade de Deus, a Sua misericórdia, e particularmente do Seu cuidado para com os justos. E por fim, os salmos que expressam a grandeza do poder de Deus, Sua glória, e seus atributos em geral.

Não podemos negar o impacto do cristianismo na música e nas artes. Na igreja primitiva a música tinha suas raízes, forma e tradição do culto judaico. Os salmos e canções eram entoados nas primeiras comunidades cristãs. Uma passagem das Escrituras era recitada no culto de três maneiras:

1. Um solista recitava de forma direta uma passagem, como se estivesse salmodiando.

2. Um solista alternava com o coro ou a congregação, o canto da passagem (forma responsorial).

3. Dois coros alternavam o canto da passagem (antifonal). Além da inspiração, o que fica evidente, é que havia criatividade e participação por parte da congregação no culto a Deus.

A música é composta de uma estrutura tão vasta, que permite o homem entrar em contato com uma dimensão espiritual. A música compõe elementos divinos e humanos. Todo ministro de louvor deve sentir primeiro o efeito daquilo que ministra. Beetthoven expressou: “A música é a manifestação mais convincente do que toda a sabedoria e filosofia”.

A Igreja de Cristo precisa resgatar em suas músicas a beleza, a emoção e a unção ou poder. Para isto, precisamos reaver alguns fatores bíblicos que irão dinamizar a musicalidade na igreja local.

Gostaria de sugerir alguns:

1. Estimule a participação da congregação.

Incentive as expressões espontâneas e criativas da congregação. Não faça com que os membros da congregação se tornem meros expectadores. “Portanto, meus irmãos, o que é que deve ser feito? Quando vocês se reúnem na igreja, um irmão tem um hino para cantar; outro, alguma coisa para ensinar; outro, uma revelação de Deus; outro, uma mensagem em línguas estranhas; e ainda outro, a interpretação dessa mensagem. Que tudo seja feito para o crescimento espiritual da igreja” (I Coríntios 14.26). Cuidado com os “bichos da goiaba!”

2. Um culto de adoração deve ser como uma sinfonia.

Às vezes os elementos de um culto não se harmonizam. A palavra grega “Symphoneo”, de onde vem a nossa palavra sinfonia, que significa “concordância”. Tudo deve combinar.

3. Faça com que os cânticos sejam compreensíveis a todos.

Cuidado com os cânticos que são difíceis de serem entoados pela congregação. Às vezes a letra é confusa, a melodia é indefinida, sem poesia, sem métrica, além dos vícios de linguagem, erros grotescos de doutrina e de linguagem. Canções com letras simples são mais fáceis de serem lembradas.

4. Os cânticos de louvor devem inspirar as pessoas a adorarem.

Muitos pastores vêem a música na igreja apenas como um acessório ou um adorno. Já ouvi várias vezes essa expressão: “Você pode chegar depois, pois os meninos estão fazendo o louvor antes!” Muitos líderes nem participam do momento de adoração e só sobem à plataforma na hora da pregação. Não podemos permitir que as nossas reuniões se degenerem por causa da falta de compreensão dos objetivos da adoração.

5. Busque a excelência.

O nosso objetivo deve ser atingir a excelência no louvor e na adoração. Não estou me referindo apenas ao talento humano, e sim o aprofundamento da vida espiritual. Adoração deve ser a resposta que damos à santidade de Deus. Os cânticos da igreja primitiva eram verdadeiros louvores ao Senhor. O objetivo primário deles nos cânticos era louvar e adorar a Deus. Eles não cantavam para entreterem as pessoas. Os seus cânticos eram dirigidos a seus, para o seu prazer e também para a edificação mútua entre os discípulos.

“Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração. Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Colossenses 3.16, 17).

Pr Edu Lopes

Arujá – SP

Bibliografia:
Cajado do Pastor – Word Map – Edição em Português, 1998.
João de Oliveira Filho. Formando Verdadeiros Adoradores. Editora Betânia
D. James Kennedy. E se Jesus não tivesse nascido? Editora Vida.
Luis Ellmerich. História da Música. 4ª Edição, 1977. Editora Fermata do Brasil.

A DINÂMICA DO MINISTÉRIO DE LOUVOR NA IGREJA – Parte 4

PROPÓSITO E MOTIVAÇÃO

PROPÓSITO e MOTIVAÇÃO são dois princípios que devem ser estudados juntos, pois um está ligado ao outro.

Nos dias atuais temos visto uma verdadeira avalanche de práticas místicas nas igrejas evangélicas, trazendo desordem e confusão e até gerando um ambiente de idolatria e paganismo.

“A intimidade do Senhor é para os que o temem” (Salmos 25.14).

Os sacerdotes e levitas tinham um objetivo definido: BENDIZER E LOUVAR AO SENHOR. Esse deve ser o nosso objetivo.

“Em ti me tenho apoiado desde o meu nascimento; do ventre materno tu me tiraste, tu és motivo para os meus louvores constantemente” (Salmos 71.6).

A nossa conduta na adoração não deve ser baseada em rituais, mas deve ser um serviço voluntário, sem interesse, espontâneo (grego: “Leitourgeo”).

Características de uma falsa adoração:

1. Fazer o que é certo de maneira errada (Isaías 29.13).

2. Fazer da adoração apenas um entretenimento (Ezequiel 33.31,32).

3. Auto-promoção ao invés de serviço (Amós 5.21-23; 6.1-14).

4. Quando Cristo não é o centro do culto, o homem ocupa esse lugar (Apocalipse 3.14-22).

Qual era a motivação dos sacerdotes e levitas?

A principal motivação deles era a bondade e a misericórdia de Deus. “E quando em uníssono, a um tempo, tocaram as trombetas e cantaram para se fazerem ouvir, para louvarem o SENHOR e render-lhe graças; e quando levantaram eles a voz com trombetas, címbalos e outros instrumentos músicos para louvarem o SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre, então, sucedeu que a casa, a saber, a Casa do SENHOR, se encheu de uma nuvem”. (II Crônicas 5.13).

A expressão “Misericórdia” descreve o âmago da natureza de Deus. Quando a nossa motivação na adoração é a Pessoa de Deus, e não somente os seus feitos, experimentamos um clima de júbilo. “Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça, como noivo que se adorna de turbante, como noiva que se enfeita com as suas jóias” (Isaías 61.10).

O Salmo 98 apresenta um estilo de louvor com dois ingredientes básicos:

* Gratidão (1 – 4).

* Criatividade (5 – 9).

Outras referências sobre a celebração (Deuteronômio 16.11; Salmos 5.11; 32.11; 42.4; 89.15; 118.15).

“A música compõe os ânimos descompostos e alivia os trabalhos que nascem do espírito” (Cervantes).